domingo, 27 de abril de 2014




4º. Obará
Ebo: Cabras, galinhas, obi, orobô, ataré, bebidas e tudo que se pode comer, etc.

A história narra que, no princípio do mundo, quinze dos dezesseis Odus seguiram  todos á casa do Oluô, a fim de procurar os meios para que eles pudessem melhorar de sorte, mas nenhum fez o que determinou o Oluô. É de se notar que Obará, um dos dezesseis Odus existentes, não se achava no grupo na ocasião em que os demais foram á casa do Oluô, botar jogo. Sendo ele, porém, sabedor do ocorrido, apressou-se em fazer o ebó que os colegas não despacharam por simples capricho de sorte. Obará fez o ebó por sua conta e risco. Ele fez o máximo que pode para conseguir seu desejo, dada a sua condição precária.
Como era de costume, os quinze Odus de cinco e cinco dias iam à casa de Olofim consultá-lo e nunca convidavam Obará, por ser ele, muito pobre, tanto que olhavam para ele sempre com o ar de ridículo. Pois, então, foram à casa de Olofim, jogaram e até altas horas do dia não acertaram o que queriam que Olofim adivinhasse e, com isso, acabou que todos eles se retiraram sem ter sido satisfeita sua curiosidade. Olofim, com desprezo, ofereceu uma abóbora a cada um deles, e eles, para não serem indelicados, levaram consigo as abóboras ofertadas.
No caminho, porém, alguém se lembrou, apontando pra a casa de Obará-Meji, de fazer ali uma parada, embora uns fossem contra, dizendo que não adiantaria dar semelhante honra a Obará, pois ele era um homem simples que nunca influía em nada. Mas um deles, mais liberal, atreveu-se a cumprimentar Obará-Meji com estas palavras:
- Obará-Meji, bom dia! Como vais de saúde? Será que hás de comer com estes companheiros de viagem?
Imediatamente respondeu ele que entrasse e se servisse da comida que quisessem. Dito isso, foram entrando todos, eles que já vinham com muita fome, pois estavam desde a manhã sem comer nada na casa de Olofim.
A dona da casa foi ao mercado comprar carne para reforçara comida que tinha em casa e, em poucas horas, todos almoçaram à vontade. Depois, Obará convidou todos para que deitassem para uma madorna, pois estavam todos cansados e o Sol estava ardente. Mais tarde, eles se despediram do colega e lhe disseram:
- Fica com estas abóboras para ti _ e lá se foram satisfeitos com a gentileza e a delicadeza do colega pobre e, até então, sem valia.
Mais tarde, quando Obará procurou por comida, sua mulher o censurou por sua fraqueza e liberalidade, dizendo que ele tinha querido mostrar ter o que não tinha, agradando a eles que nunca olharam para ele e nunca ligaram nem deram importância ao colega.

Porém, as palavras de Obará eram simples e decisivas:
- Eu não faço mais do que ser delicado aos meus pares. Estou cumprindo ordens e sei que, fazendo esses obséquios, virá à nossa casa a prosperidade instantânea.
Finda esta explicação, Obará pegou uma faca e meteu na abóbora, surpreendendo-se com a quantidade de ouro e pedras preciosas que existia dentro dela. Surpreso e no auge da alegria, levou, apressado, tudo para mostrar à pessoa entendida no assunto, resultando confirmaram-lhe que aquilo eram brilhantes, pedras valiosíssimas. Assim, Obará comprou tudo que tinha necessidade. Até um palácio ele construiu e obteve um cavalo de várias cores.
Daí que estava marcado o dia para todos os Odus irem de novo à conferencia no palácio de Olofim, como era o costume deles. Já muito cedo, achavam-se todos no palácio, cada um no seu posto junto a Olofim, quandoObará veio vindo de sua casa com uma multidão de gente que o acompanhava, até mesmo os músicos de uma enorme charanga. Enfim, todos numa alegria sem par. De vez em quando, Obará mudava de um cavalo para outro, em sinal de nobreza.
Os invejosos começaram a tremer e a esbravejar, chamando a atenção de Olofim, que indagou o que era aquilo. Foi, então, que o informaram que era Obará, que vinha com aquele préstito em sons de louvores inqualificáveis. Então, perguntou o chefe Olofim aos Odus o que tinha cada um deles feito das abóboras que ele havia lhes dado de presente. Responderam todos de uma só voz que tinham jogado as abóboras no quintal de Obará. Disse Olofim, então, que a sorte estava destinada a ser do grande e rico Obará, o milionário entre todos os Odus, pois o que tem de ser traz a força. Muitas riquezas estavam encerradas dentro das abóboras que foram rejeitadas por cada um deles, para a felicidade de Obará.
Não se precisa de longos e minuciosos detalhes. A história supramencionada é simples enunciação da prosperidade próxima, tão instantânea que se pode dizer que não há um só Odu que possa competir com Obará na felicidade de tão rapidamente chegar ao que se precisa. Fazendo-se ebó já indicado, com proveito há de se ter toda possibilidade de ser feliz monetariamente.


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