OS ORIXÁS
Cada invocação fetichista tem o seu Orixá, que é a
representação simbólica do santo. O africano já trazia a seita religiosa de sua
terra; aqui era obrigado, por lei, a adotar uma religião católica. Habituado
naquela e obrigado por esta, ficou com duas crenças. Encontrou no Brasil a
superstição, consequência fatal aos povos e a sua infância. Fácil foi aceitar
para cada moléstia ou ato da vida um santo protetor, como:
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São Brás – Casos de moléstia e garganta
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São Roque – Feridas e chagas
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Santa Bárbara – Raios e tempestades
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São Francisco Xavier – Contra a peste
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São Marcos – Contra bicheiras de animais
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São Lourenço – Contra queimaduras
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São Gonçalo e Santo Antônio – Para o casamento
Dessa arte, não teve o africano dificuldades em encontrar uma semelhança
entre as divindades do culto católico e os ídolos do seu fetichismo, conforme o
poder milagroso de cada um. Assim é que o:
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São Sebastião – Oxóssi
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São Jorge – Ogum
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São Jerônimo – Xangó Baru
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São Francisco – Loco ou Gameleira velha, ou
figueira velha
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São Caetano – Gameleira nova
O IFÁ
É a divindade dona da adivinhação,
soberano pai de Iansã, representada que apresenta somente quatro olhos ou sinais
de orifícios. Para olhar com o Ifá, encerram-se os frutos nas mãos, que se
sacodem de um lado para outro. Á proporção que os Ifás caem, um a um, o Oluô
vai predizendo o que há de acontecer. Os instrumentos do Babalaô são: obi,
orogbô, okutás e o opelê-Ifa. Ás vezes contém dezesseis moedas de prata. ÁS
mulheres só é permitido olhar com búzios.
A TROCA DE CABEÇA
Há diversos processos para
diversos objetivos, um deles é fazer um despacho, constante de um pedaço de
madrasto novo, representando uma mortalha, com o propósito de transmitir
moléstia ou a infelicidade de uma pessoa á outra, e esta será atingida ao pisar
ou tocar no Ebó, atirado a um lugar conveniente. Quando, com a troca de cabeça,
não se pretende fazer o mal a outro, o ebó é colocado no cemitério. Se o
portador, por ignorância ou maldade, não o deixar no lugar designado, e sim em
outro, quem tocá-lo será atingido. Conheça ainda outros processos: toma-se um
animal, preparam com o Ebó e soltam ou amarram em qualquer parte. Quem apanhar
terá de ficar com a moléstia ou com desventuras. Um Babashalé ou Yalashé tem
atribuições para trocar uma cabeça quando seu tempo de santo e obrigações está
em dia, se o ato a cometer for justificado favorável.
O OGAM
Conta a lenda: Uma das lendas diz que o primeiro Alagbe foi Exú.
Ele tocava e cantava para os outros Orixás poderem dançar, durante as suas reuniões. Entretanto, o toque de Exu era bem alto e estridente, impossibilitando os outros Orixás de conversarem. Um dia, eles se irritaram com Exú e o mandaram parar de tocar.
Algum tempo depois começaram a sentir falta dos ritmos de Exú para dançar. As reuniões estavam sem graça e desanimada. A festa de Exú estava fazendo muita falta. Foram então a procura de Exú para que ele voltasse a tocar seus ritmos maravilhosos. Entretanto, Exú sendo muito orgulhoso recusou-se, mas, compadecido, disse que ensinaria os ritmos e toques ao primeiro homem que encontrasse pelo seu caminho.
O primeiro homem que Exú encontrou chamava-se Ogã, e como prometido Exú ensinou todos os ritmos dos demais Orixás a ele.
Ele tocava e cantava para os outros Orixás poderem dançar, durante as suas reuniões. Entretanto, o toque de Exu era bem alto e estridente, impossibilitando os outros Orixás de conversarem. Um dia, eles se irritaram com Exú e o mandaram parar de tocar.
Algum tempo depois começaram a sentir falta dos ritmos de Exú para dançar. As reuniões estavam sem graça e desanimada. A festa de Exú estava fazendo muita falta. Foram então a procura de Exú para que ele voltasse a tocar seus ritmos maravilhosos. Entretanto, Exú sendo muito orgulhoso recusou-se, mas, compadecido, disse que ensinaria os ritmos e toques ao primeiro homem que encontrasse pelo seu caminho.
O primeiro homem que Exú encontrou chamava-se Ogã, e como prometido Exú ensinou todos os ritmos dos demais Orixás a ele.
É uma autoridade honorária do
Candomblé. Cada Orixá tem sua representação em diversos indivíduos, que não
tomando parte nos preceitos da seita, todavia, têm direito a certas regalias.
Ao penetrar na casa de Candomblé, os atabaques dão sinal de cortejo – dobram –
conforme o Orixá a que ele é consagrado, todos prestam reverências, ele tem o
direito de transpor a porta de cabeça erguida sem autorização especial, e lhe
reservam os melhores lugares, nas ocasiões feitas. As filhas de santo da Casa
são consideradas como suas filhas e, ao verem o Ogam, curvam os joelhos e lhe
pende a benção, em qualquer lugar.
O Ogam toma duas posses: a de
iniciação e a de confirmação. Na primeira, o individuo rodeado de muita gente,
é apresentado pelo Orixá do Babalorixá aos quatro quantos da casa e á porta do
quarto do Orixá, logo depois aos Ogans que estão tocando, daí então, o Orixá
senta o futuro Ogam em sua cadeira previamente arrumada, onde o mesmo curva-se prestando homenagens, e logo após, todos de
casa pertencentes á seita, deverão ir cumprimentar o futuro Ogam. A outra fase
do Ogam, apresentando a todos os presentes, dando o nome de Orixá que governo o
Ori de sua ordenança. A festa toma caráter suntuoso, pois se prolonga por
muitas coisas. O resguardo do Ogam consiste no mesmo dos filhos de santo da
casa, durante dezesseis dias.
Os africanos aqui introduzidos,
pertenciam a diversas tribos distintas, como: Cabinda, Benin, Gêgê, savaru, maqui, mendósi, catopóri, daxá, angola, Moçambique,
tapa, filanin, Egbás, yoruba, efon, Keto, igbe, congo, aussá, Ijexá, mina,
Calabar, e gimum, que era a tribo predileta ou preferida dos olhadores.
As diferenças especiais: as mais
amorosas, quanto a função de maternidade, foram as mulheres Gêgês, Ijexá e
Egbás, que também se distinguiram pela correção escultural, não tinham o rosto
recortado de linhas e costumavam pintar a pálpebra inferior, com uma tinta
azul, por faceirice ou enfeite. Entre as mais peritas na arte da culinária
destacam-se: Angola, Gêgê, e Congo; as boas amas de leite foram Aussá e Ijexá,
consideradas de índole mais branda. As tribos Gêgês, Congo, Angola, e Mina
distinguiram pela sensualidade, pelo porte senhoril e maneiras delicadas e
insinuantes, por isso chegaram a confundir-se com as crioulas elegantes.
As Gêgês e Angolas, especialmente,
imolavam o seu amor aos oriundos do país e desprezavam os parceiros; mas, se
forem casadas na terra natal e que aqui encontrassem os maridos, davam-lhe toda
a preferência. A mulher africana, por
força da seita, dava o tratamento do SENHOR ao marido. Os Yorubás eram até de ordinário preferidos
nas posições legais. Os que mais se destacaram e adaptaram á nossa civilização
foram os Angolas, que deu tipo engraçado, e o introdutor da CAPOEIRA. O Ijexá
foi o mais inteligente de todos, de melhor índole, mais valente, e mais
trabalhador. Os Gêgês assimilaram um pouco dos costumes locais, mas, não em
tudo. Eram muito dados ao sigilo do costume e as danças e um tanto fracos para
o trabalho da lavoura.
Em geral, falavam os africanos
diversos dialetos, que pareciam derivados de grupos de línguas diferentes,
sendo a língua YORUBÁ a mais importante, pela extensão do seu domínio, no
continente negro. Os nomes das tribos que foram citadas indicam, apenas,
localidades de nascimento ou de tribo onde a linguagem primitiva sofreu
alterações. A mistura de tantas tribos diversas na mesma cidade tornou isso uma
Babel africana, de modo que se tornava comum, aos já aclimatados, no meio da
conversão mal entretida, o emprego de termos da língua portuguesa ao fim de se
fazerem entender. O africano foi um grande elemento ou o maior fator de
prosperidade econômica do país: era o braço ativo e nada se perdia do que ele
pudesse produzir. O seu trabalho incessante, não raro, sob o rigor dos açoites,
tornou-se a fonte da fortuna pública e particular.
“A raça negra não só tem modificado o caráter nacional, mas, tem até
influído nas instituições, nas letras, no comércio, e nas ciências do país.
Vivendo conosco no tempo e na ação, os escravos dominaram ás vezes de tão alto
que eles devemos ensino e exemplos, ‘Costumes Africanos no Brasil’ Manoel
Quirino – Civilização Brasileira.”
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